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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Improvisando em condições imprevistas

A improvisação, assunto bastante tratado por este blog, virou espetáculo e, jogos que antes serviam para treinar o ator, hoje são apreciados nos palcos. O grande uso desta habilidade se faz quando um imprevisto acontece. Estou eu ,pronto para entrar no sábado a noite no Centro Cultural São Paulo com ajuda de um CD player emprestado (obrigado Paulo) e uma mala cheia de adereços para homenagear os grandes humoristas ( Chaplin, Mazarropi, Dercy, Oscarito e Jerry Lewis).

Ao abrir o elevador percebo que o lugar não está em condições para tal apresentação, um show acontece com musica no ultimo volume e, apesar de ter publico, ele está tão espalhado pelo local que seria impossível reuni-lo em algum canto. O que fazer?

Eu estava com a mascara negra de Arlequim (ele seria o anfitrião), uma mala enorme e sem saber ao certo o que fazer. Instintivamente fui ao encontro do publico e , ao abrir a boca, um sotaque estranho saiu e o primeiro comentário meu foi “não, eu não sou o Batman!”. Daí em diante não parei, fui improvisando me baseando na reação e consegui muitos sorrisos e varias risadas.

No dia seguinte, tive que me preparar muito pois a primeira apresentação era para as crianças e meu tipo de humor não é exatamente “infantil”. Com ajuda dos meus amigos Clari e Jucas (obrigado) preparamos algumas esquetes e a luta de palhaços estava armada. Subimos e … Cadê as crianças?

O CCSP estava com publico adulto circulando no seu interior e agora? Improvisar! Fui de encontro aqueles que passavam e ao abrir a boca um sotaque estranho saiu, um sotaque nordestino que não batia com o quimono japonês que eu vestia o que já gerava risadas e estranhamentos que já me davam base para improvisar sobre esta condição.

Depois, as 16h, subo de Sheyla Axé mais sossegado, afinal, improvisar com este personagem é mais fácil, pois tenho mais domínio sobre ele. Vou andando e brincando com todos que passam, na minha frente um grupo de crianças … Crianças ? E agora ? Improvisar !

Esta foi a mais difícil, responder aquelas perguntas se eu era homem ou mulher e um capetinha em forma de guri que queria puxar a peruca estava difícil, mas ao chamar os pais da garotada não para repreender, mas para participar da brincadeira, consegui segurar a situação e fazer a família rir junta.

Depois de duas horas sem parar, já mancando pelo salto e sem voz (que só me recuperei totalmente agora), termino minha participação na Virada Cultural. O que mais senti não o foi o pé ou a garganta, mas sim a satisfação do dever cumprido junto com a saudade daqueles que trabalharam junto comigo, saudade que durará até o próximo trabalho juntos.

Depois de me vestir, apesar de mancar e de estar já quase murmurando , faço um ultimo esforço, ando pelo CCSP novamente e recebo felicitações e agradecimentos daqueles que sofreram esta intervenção e do pessoal que trabalha no local. Eu que agradeço pelo feedback, pelas gargalhadas e por todo aprendizado que recebi naqueles dias. Teatro é via de mão dupla , quem se apresenta também recebe da plateia e essa sede de aplausos e riso que alimentam esta paixão de ir, ensaiar, apresentar e, se for preciso, improvisar!

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. é... nesses relatos que a gente vê quão difícil é a vida NUM improviso... Boa sorte em sua jornada porque nós, aqui, apoiamos - e muito!!! = ) * * http://naoligoporqueescrevo.blogspot.com/2011/04/viradinhacultural2011.html

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  3. eu que agradeço Yaso pela a oportunidade que vc deu pra mim e a Clari ^^ vlw msmo

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