
Tinha de ir! Não por um prazer mórbido e não que minha presença agora me redimisse das vezes que não fui. O sentimento que me tomou foi de me despedir de um local... não... de um amigo . O sentimento que tive foi ao de comparecer a um velório.

De repente o barulho de apitos e gritos tomou a fachada. Pessoas contrarias ao fechamento se manifestavam e neste momento fiquei extremamente comovido .Me perguntei o motivo de não estar junto com elas. Desinformação não é desculpa e sim culpa.

Sentei na terceira fileira de baixo pra cima do filme “O Concerto” (Sinopse e breve critica abaixo). Como cheguei cedo, lá permaneci sozinho, encarando a sala por algum tempo. Logo começa a exibição dos trailers e a projeção, apesar da pequena tela, estava perfeita e não como em alguns cinemas de shopping que a imagem passa da tela, vazando nas paredes ou cortinas.

Ri, chorei e ao fim do filme encarei algumas pessoas que assistiram a mesma sessão. Alguns enxugavam as lagrimas, outros comentavam sobre o filme e uns casaizinhos trocavam beijo e caricias. Eles estavam vivendo o Belas Artes.
Sai do cinema e olhei para a sua fachada. Vão fechar a Sala Villa Lobos, a Candido Portinari, a Oscar Niemeyer, a Aleijadinho, a Carmem Miranda e a Mario de Andrade para abrir uma droga de loja. Quem em sã consciência vai comprar numa loja que matou um pouco da história paulista. Talvez muitas pessoas, talvez ele estejam certos em apostar na falta de memória do povo , talvez por isso alguém deveria manter um lugar que resgata a memória, seja esse alguém da iniciativa publica ou privada.
Olhei para aquela fachada que ainda exibia orgulhosamente o dizer “desde 1952” e desejei o que normalmente acontece no cinema... um final feliz.
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